'Epidemia' de greves faz Dilma rediscutir direitos
Em meio à greve dos PMs na Bahia e a possibilidade de
paralisações de policiais virarem 'epidemia pelo País', atingindo pelo menos
outros oito Estados, o governo Dilma Rousseff desengavetou projeto de lei que
disciplina o direito de greve de servidores públicos e exige que o governo seja
comunicado com antecedência mínima de 72 horas na paralisação de atividades
'inadiáveis de interesse público'.
Ontem, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores
da Policia Civil (Ugeirm-Sindicato) do Rio Grande do Sul anunciou o início de
uma operação padrão. No dia 15, PMs e bombeiros ameaçam entrar em greve no
Espírito Santo. Líderes da PEC 300 (que aumenta o salário de policiais e unifica
os pisos pelo País) informaram que Minas também já enfrenta focos de reclamação
da categoria.
No Rio, policiais e bombeiros marcaram uma assembleia para hoje
e podem definir greve a partir de amanhã. Isso apesar da tentativa do governo de
adiantar reajustes para evitar mobilizações. Levada ontem a Assembleia, a
proposta foi considerada insatisfatória por associações e representações de
classe, recebeu 78 emendas e saiu de pauta.
Líder do PSDB baiano, legenda que abriga o líder da
paralisação, o deputado Antônio Imbassahy diz que o governo federal, 'ao assumir
a negociação na Bahia, da forma como foi feito, convocou os policiais de outros
Estados a aderir ao movimento'.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que o
Congresso está disposto a rediscutir o direito de greve. Mas reiterou que não
vai pôr em votação a PEC 300.
Direito de greve. O projeto de lei de restrição ao direito de
greve foi preparado pela Advocacia-Geral da União em 2007, mas parou na Casa
Civil, que, então comandada por Dilma Rousseff, não levou a proposta
adiante.
O projeto de lei preparado em 2007 prevê que a deflagração de
greves de servidores públicos seja aprovada por pelo menos dois terços da
categoria. Hoje, na Bahia, a paralisação é liderada por uma associação que só
representa 2 mil dos 32 mil PMs. E a assembleia da categoria só poderá ser
convocada dez dias após o envio da pauta de reivindicações à autoridade
competente.
O texto inclui segurança pública entre os 19 serviços
considerados 'inadiáveis de interesse público', em que o estado de greve deverá
ser declarado com antecedência mínima maior, de 72 horas. E a proposta limita a
paralisação a 40% dos servidores de um órgão. / COLABORARAM ALFREDO JUNQUEIRA E
DENISE MADUEÑO
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